Este ano, para surpresa de muitos melómanos que, como eu, ansiavam pelo decréscimo substancial do preço dos bilhetes para concertos de extraordinária qualidade, a Festa da Música do CCB viu-se reduzida a dois dias. Assim, a edição deste ano, sob o mesmo formato que as antecedentes Festas, dedicou-se inteiramente ao piano. Foram dois dias de concertos, dois dias de entradas para espaços alusivos ao instrumento rei da Música dita Clássica. Pelos auditórios e salas do Centro Cultural de Belém passaram nomes como Alexander Gavrylyuk, Artur Pizarro, Bernardo Sassetti, Jorge Moyano, Maria João Pires, Mário Laginha, Pascal Rogé, Uri Caine, orquestras de renome internacional, e solistas de instrumentos “primos” do piano, como o cravo (com Nicolau de Figueiredo) e a marimba (com Pedro Carneiro)..
À semelhança das edições anteriores, os repertórios destes artistas eram variados, embora a edição deste ano, uma vez que não era dedicada a um compositor ou a um período artístico específicos, conseguiu trazer ao público uma obra tocada mais vasta e abrangente, cobrindo algumas formas do barroco, passando pelos românticos e pelos modernos, com uma pequena paragem para a improvisação mais jazzística. Dia 21 de Abril, no grande auditório, Alexander Gavrylyuk ao piano, acompanhado pela Orquestra Filarmónica da Eslováquia dirigida por Olivieri-Monroe, trouxe-nos o magnífico Concerto para Piano e Orquestra no. 2 op. 18 em Dó Menor, do génio russo Sergei Rachmaninov (1873-1943).
De todas as formas musicais existentes na Música, o Concerto para Piano e Orquestra sempre foi olhada como uma fórmula quase divina, oscilando entre o duelo de titãs e a lírica complementação de duas “vozes” tão distintas. É certo que o piano oferece uma paleta interminável de sonoridades – tão bem explorada por Rachmaninov nos seus quatro concertos – e que a orquestra consegue manipular a musicalidade imensa a partir dos seus múltiplos instrumentos. No entanto, Rachmaninov atinge um patamar diferente quando escreve o Concerto no. 2: alcança aqui toda a genialidade que lhe faz justiça, expõe do modo mais lírico e mais bonito tudo aquilo que conseguia pôr em música, desenvolve, sem nunca esgotar, o piano em companhia da orquestra. Apesar de ter atingido o seu expoente máximo no Concerto no. 3 – bastante mais prepotente e tecnicamente dificílimo – é no no. 2 que lemos o Rachmaninov mais esteta, mais lírico, de mais bonita expressão. Uma obra magistral e perfeita.
Sobre Alexander Gavrylyuk, é necessário referir a impressionante técnica do pianista, assim como também é de notar a absolutamente arrebatadora leitura da partitura do compositor russo. Alexander Gavrylyuk é um virtuoso do piano, que brilhou ao longo dos quase trinta e sete minutos do Concerto, que se sagrou divino com as mãos nas teclas do instrumento mais magnânimo da noite. Olivieri-Monroe dirigiu uma Orquestra fluente e especialmente intensa, em especial no toque dos sopros no primeiro andamento, no brilho das cordas e dos fagotes no segundo andamento, e na segurança dos pizzicato e do crescendo no terceiro andamento. A prova de fogo de Gavrylyuk enquadra-se na mestria de Olivieri-Monroe à frente do gigante orquestral, funde-se na precisão expressiva por entre o domínio extremo do teclado.
Há quem diga que o melhor de um espectáculo são os encores. Depois de ser aplaudido com especial entusiasmo, Alexander Gavrylyuk não resistiu em oferecer-nos uma redução e variações para piano da célebre Marcha Nupcial do Sonho de Uma Noite de Verão do alemão Felix Mendelssohn-Bartholdy. Um toque final, bastante humorístico, que levou a audiência a irromper num aplauso ainda maior. Uma noite para celebrar, poder-se-ia dizer. Para muitos pianos e muitas orquestras.
À semelhança das edições anteriores, os repertórios destes artistas eram variados, embora a edição deste ano, uma vez que não era dedicada a um compositor ou a um período artístico específicos, conseguiu trazer ao público uma obra tocada mais vasta e abrangente, cobrindo algumas formas do barroco, passando pelos românticos e pelos modernos, com uma pequena paragem para a improvisação mais jazzística. Dia 21 de Abril, no grande auditório, Alexander Gavrylyuk ao piano, acompanhado pela Orquestra Filarmónica da Eslováquia dirigida por Olivieri-Monroe, trouxe-nos o magnífico Concerto para Piano e Orquestra no. 2 op. 18 em Dó Menor, do génio russo Sergei Rachmaninov (1873-1943).
De todas as formas musicais existentes na Música, o Concerto para Piano e Orquestra sempre foi olhada como uma fórmula quase divina, oscilando entre o duelo de titãs e a lírica complementação de duas “vozes” tão distintas. É certo que o piano oferece uma paleta interminável de sonoridades – tão bem explorada por Rachmaninov nos seus quatro concertos – e que a orquestra consegue manipular a musicalidade imensa a partir dos seus múltiplos instrumentos. No entanto, Rachmaninov atinge um patamar diferente quando escreve o Concerto no. 2: alcança aqui toda a genialidade que lhe faz justiça, expõe do modo mais lírico e mais bonito tudo aquilo que conseguia pôr em música, desenvolve, sem nunca esgotar, o piano em companhia da orquestra. Apesar de ter atingido o seu expoente máximo no Concerto no. 3 – bastante mais prepotente e tecnicamente dificílimo – é no no. 2 que lemos o Rachmaninov mais esteta, mais lírico, de mais bonita expressão. Uma obra magistral e perfeita.
Sobre Alexander Gavrylyuk, é necessário referir a impressionante técnica do pianista, assim como também é de notar a absolutamente arrebatadora leitura da partitura do compositor russo. Alexander Gavrylyuk é um virtuoso do piano, que brilhou ao longo dos quase trinta e sete minutos do Concerto, que se sagrou divino com as mãos nas teclas do instrumento mais magnânimo da noite. Olivieri-Monroe dirigiu uma Orquestra fluente e especialmente intensa, em especial no toque dos sopros no primeiro andamento, no brilho das cordas e dos fagotes no segundo andamento, e na segurança dos pizzicato e do crescendo no terceiro andamento. A prova de fogo de Gavrylyuk enquadra-se na mestria de Olivieri-Monroe à frente do gigante orquestral, funde-se na precisão expressiva por entre o domínio extremo do teclado.
Há quem diga que o melhor de um espectáculo são os encores. Depois de ser aplaudido com especial entusiasmo, Alexander Gavrylyuk não resistiu em oferecer-nos uma redução e variações para piano da célebre Marcha Nupcial do Sonho de Uma Noite de Verão do alemão Felix Mendelssohn-Bartholdy. Um toque final, bastante humorístico, que levou a audiência a irromper num aplauso ainda maior. Uma noite para celebrar, poder-se-ia dizer. Para muitos pianos e muitas orquestras.
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