terça-feira, dezembro 20, 2005

A Guerra Infinita


"A politica da esquerda socialista moderna constrói-se na defesa de uma democracia sem fronteiras e é parte integrante da nova politica do movimento de movimentos que, em todo o mundo, contesta a globalização capitalista e cria as alianças necessárias para lhe fazer frente. Essa é a superpotência modernidade. É a sua vez, é a nossa vez. Só essa razão pode derrotar a guerra infinita e, nesse confronto, desafiar o Império."

Em A Guerra Infinita, um livro de Francisco Louçã e Jorge Costa.

A Guerra Infinita é, à partida, um livro de difícil catálogo. Se, por um lado, nos é apresentado bem em forma de Ensaio político a meias com Ensaio histórico, por outro lado, bem ao jeito Mooreano, tem o suficiente de romanceado para como tal ser listado nas bibliotecas pelo país fora. E é talvez este o maior senão deste livro. Se é essa faceta que dá ao livro algumas pernas para andar, é também isso o grande travão que a priori lhe corta as pernas. Expressões populares à parte, a grande verdade é que este livro do Economista-Candidato-a-Presidente-Candidato-a-quase-tudo-pelo-Bloco a meias com um semi desconhecido jornalista, também ele dirigente do Bloco é uma espécie de documentário de Michael Moore em forma de livro. A começar pelo tema.
De bom tom entre a esquerda moderna, o grande tema do livro é uma explicação histórica e económica da formação do Império (Império do bem? Império do mal?) em que se tornaram os Estados Unidos da América. E se a tal explicação está bem feita e nos leva a não duvidar da conspurcação dos meios e dos próprios fins do tal Império, o candidato Louçã e o seu cavaleiro não deixam de cair na armadilha de, bem ao estilo de Moore, exagerar. E se se percebe este movimento anti-Império e se aplaude este sentimento de revolta face à hegemonia desenvolvida, perde-se a credibilidade quando os factos são postos à mercê da vontade de quem escreve, e não, como deveria, à mercê da imparcialidade de quem lê.
Não obstante, e em tempos de escolha,talvez este livro de 2003 seja bastante útil. Não só para perceber a visão europeia e internacional de Francisco Louçã mas também, subrepticiamente, para perceber a mesma visão dos outros candidatos.

A Guerra Infinita. Um livro de Francisco Louçã e Jorge Costa. Edições Afrontamento.

Nota: 4/10