sábado, abril 21, 2007

Amor, Escárnio e Maldizer

Mais do que em qualquer outra ocasião, apresentações dispensam-se. Amor, Escárnio e Maldizer é o sétimo trabalho dos multipremiados Da Weasel. Depois de Re-definições, a doninha está de volta com um álbum que promete manter os níveis quer de sucesso quer de influência. Quanto ao sucesso, as vendas no primeiro dia são bom cartão de visita para o que os espera. Quanto à influência, repita-se uma vez mais, para que não restem dúvidas. É dos Da Weasel que falamos.

Poder-se-à não gostar de Hip-Hop. Poder-se-à não gostar da música dos Da Weasel. Mas dificilmente poderá alguém ser levado a sério se não se der conta da importância dos mesmos. O Hip-Hop mainstream em Portugal tem um rosto, que vai mostrando diversas faces. Da mais agressiva e social à introspectiva e intimista. Não há medo da exposição, há necessidade de confrontação. Há sinceridade, sentimento, cultura underground lentamente tornada de massas. Como sempre disseram, eles dão-lhe com alma.

O sentimento é o de que crescemos com esta banda. Treinámos os nossos ouvidos nem sempre habituados a este espectáculo de ritmo e batida e fomos acompanhando, ao longo dos seus trabalhos, a sua maturação e a nossa. Felizmente, este ainda não é um grupo maduro. Tem as suas fraquezas. Músicas que empatam, dificuldade nalgumas situações em discernir o fundamental do acessório, letras que nem sempre mantém a toada geral de qualidade. Mas tem, esta imaturidade, uma grande vantagem. Mantêm-se um grupo à procura, sem medo do novo, audaz e propício à experiência, à variedade. Amor, Escárnio e Maldizer, pois claro. De tudo um pouco.

Desde Cinema que não se via algo assim. Desde que Rodrigo Leão se lembrou de juntar uma colectânea impressionante de convidados para o seu álbum em forma de banda sonora, que ninguém juntava tamanha amalgama de impar qualidade. José Luís Peixoto, Gato Fedorento, Bernardo Sassetti, Buraka Som Sistema, Maestro Rui Massena e Vikter Duplaix são participações que, de uma forma ou de outra, seja em remisturas, letras, arranjos ou skits, enriquecem o trabalho. Música Hip-Hop a puxar pelas massas, mãos no ar em concerto variado, numa orquestração de uma banda que caminha para o maduro em passos seguros. Referências à cultura popular um pouco ao estilo de Seth Cohen, mas sem a BD, ainda que Manara seja chamada ao barulho são pautadas com tiradas de sátira social, bem ao estilo da doninha.

“Toque-Toque” tem tempero brasileiro enquanto faz lembrar o início da banda. “Mundos Mudos” é versão intimista com participação de orquestra que encaixa bem em qualquer colectânea amorosa. Intimista também, mas porque o piano de Sassetti a isso o obriga, é “A Palavra”, bem ao estilo dos melhores cantautores. A realidade é palavra de ordem em “Negócios Estrangeiros”, na prova cabal de que é possível a convergência de influências culturais. Quanto a “Dialectos de Ternura”, se não gosta da música, aguente-se. Esta música é o verão que se avizinha.

Título: Amor, Escárnio e Maldizer
Autor: Da Weasel

Nota: 7/10

3 Comments:

Blogger tiago m said...

grande album. eu dava-lhe mais do que 7. um dos grandes albuns da musica portuguesa, diversificado, divertido, com grandes hits para o verao, mas mta citacao para outras coisas.

1:33 da manhã  
Blogger N.M said...

Este album esta muito porreiro!!!Boas musicas com boas letras!!!

7:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amor , escarnio e maldizer! Um disco bem conseguido. Algumas(poucas) falhas, na minha opiniao, contudo, mto bem pensado e trabalhado. Merece o sucesso que se adivinha. As doninhas dao-lhe com a alma e nos aqui tamos pa retribuir!

Carlao como sempre, grandes letras (ate lhe chamaria poemas), fortes, bem estruturadas que atingem os objectivos; metem ate a mente mais inexperiente e "vazia" a pensar em alguma questao. Pacman, o senhor da palavra, ta em grande neste album, como era de esperar!
Melodias agradaveis, outras mais banais e previsiveis, contudo, têm o meu aplauso.
Destaque para "A palavra (tema para Sassetti)", "Um dia destes", "Toque-toque" e "mundos mundos".

Dialectos de ternura, asseguir ao enorme de sucesso de re-tratamento, as doninhas tinham de manter o nivel (nao de qualidade),mas de sucesso com o novo single. E ele aí esta, mesmo para quem á primeira impressao nao gosta ou acha foleiro demais os "da-da" e "uh-uh" de certeza que ha segunda passagem ja vai cantarolar tambem estes tao falados dialectos.

O meu :( vai para o Virgul, igual de mais ao que sempre foi...nao noto evoluçao ou mudança, talvez eu esteja errado.


Da Weasel,para mim nao é uma banda de hip hop portuguesa. É a banda!

hip hop tuga ao mais alto nivel!
e quem n gosta n come!lol

Palavra de honra*

11:10 da tarde  

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