terça-feira, janeiro 17, 2006

The Strokes: novo álbum


2006 arrancou forte. Voltaram os The Strokes com First Impressions of the Earth, o terceiro álbum de originais dos nova-iorquinos. Passaram 5 anos desde que Is this it se deu a conhecer ao mundo e desde então transformaram-se na banda estandarte do post-punk contemporâneo. Constituíram a grande referência das múltiplas bandas Indie que se encontram agora em cena. Nos dois primeiros álbums, os The Strokes conseguiram seduzir a crítica e o público. A revista Rolling Stones classificou-os como os novos reis do rock. Contudo, Julian Casablanca e os restantes membros precisavam de produzir mais para fazer jus a esse título.
First Impressions of the Earth apresenta-nos um conjunto de canções que não vão muito ao encontro dos trabalhos anteriores. Pouco sobra da frescura e do efeito espontâneo e imediato do seu álbum de estreia e do seu clone Room on Fire. Desapareceu um pouco a espontaneidade e a raiva para dar lugar a canções mais maduras e duradouras. Canções onde a melancolia e a lamúria se sentem na voz de Casablanca. O novo disco dos The Strokes ganha em acessibilidade, força, arranjos mas principalmente no protagonismo da voz. Trata-se de uma amostra de talento desta banda, que sem perder a sua identidade, é detentor de grandes hits e nos oferece um conjunto de grandes momentos presentes na primeira parte do cd. É a altura ideal para referir que para mim este disco pode ser dividido em duas partes: a primeira parte constituída por 7 músicas de grande nível e que irão ser destacadas individualmente; e uma segunda parte (as últimas 7 músicas) com faixas péssimas.
A faixa de abertura You Only Live Once revelou-se uma agradável surpresa. Grande tema Rock, dotado de uma força notável fazendo lembrar o disco de estreia. Segue-se o single Juice Box em que o baixo toma controlo das operações e onde a voz de Casablanca é apresentada de maneira diferente e para melhor. Seguem-se os riffs portentosos de Heart in a Cage e os tons melodiosos de Razorblade. Isto sem esquecer On the Other side e Vision of Division que incluem uma série de pormenores que tocam no virtuosismo. Nesta última, a banda segue os rumos do rock progressivo. Aparece depois Ask Me Anything, em que Casablanca admite que não tem nada para dizer num autêntico melodrama repetitivo, mas que é sem sombras para dúvidas a melhor canção do álbum e talvez a única genuinamente afectiva. Os ecos dos Television, Stooges e Velvet continuam intactos, pelo que também são detectáveis novas influências como Blondie ou os The Cars. Nestes 52 minutos (o dobro da duração do Is this it) não podemos deixar de pensar em quantas músicas podiam ser eliminadas (Evening Sun e Electricityscape eram as primeiras a ir ao ar, digo mesmo noutros termos que esta última faixa referida é uma boa merdoca). Mesmo assim, a banda que a crítica não esperava evolução, conseguiu elaborar suficiente material para ficarmos extasiados e para ouvirmos até que nos doam os ouvidos. Nos Strokes mora hoje então a sofisticação de uma redescoberta. São temas para serem ouvidos, deglutidos e digeridos por não serem singles óbvios e porque numa primeira fase nos possam suar estranhos. Depois de ouvirmos mais umas vezes, ficamos completamente arrasados. Eis o exemplo de uma reacção progressiva de um ouvinte de Ask Me Anything:
- primeira vez que ouve: Mas está tudo parvo!? O que é isto?
- Numa segunda vez: É pá.. mas não é que...isto está a soar bem
- Numa terceira vez: Mas que Espectáculo!! ( carregando a partir daí no repeat do seu discman)
Em suma, a primeira parte do disco pode muito bem figurar entre as melhores metades de cds de 2006 ( justifico assim a imagem do cd cortada pela metade).

2 Comments:

Blogger Midas said...

Subscrevo. Um álbum bem interessante. Uma viagem às sonoridades eléctricas dos anos setenta e oitenta, com a força dos meios técnicos do presente.

2:18 da tarde  
Blogger Unknown said...

Para mim é um ótimo disco
Concordo com o fato das sete primeiras músicas serem o destaque
Mas não concordo com a crítica da faixa "Evening Sun" ... pra mim é uma boa faixa, tem uma bateria suave porém que não só se diferencia do resto do álbum como soa bem única.
Também excluiria "Red Light" da metade não tão boa do disco, também gosto dela ...
Bom mas opinião cada um tem a sua
Mas foi interessante sua crítica

11:59 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home