domingo, março 12, 2006

Clube dumas, A Sombra de Richelieu ou A Nona Porta

É possível um livro ser responsável por mortes, ser perseguido e desejado durante 3 séculos? Só há uma pessoa capaz de responder a essa pergunta, Lucas Corso, mercenário da bibliografia, caçador de livros por conta de outrem.
Corso é nos apresentado quando uma dupla de clientes seus recorre aos seus serviços: autentificar um manuscrito de Os Três Mosqueteiros e decifrar um estranho e misterioso livro queimado em 1667 juntamente com o seu impressor. A investigação arrasta Corso – e com ele, inevitavelmente o leitor – para uma perigosa busca que o levará dos arquivos do Santo Oficio aos livros condenados, das poeirentas prateleiras dos alfarrabistas às mais selectas bibliotecas internacionais.

Um livro que não permite separações de longo prazo, consegue ser misterioso, policial, asfixiante e erótico apenas e tão depressa como um virar de página. Arturo Pérez-Reverte surpreende-nos pela descrição das acções, pelo rigor de personagens, tornando o leitor capaz de visualiza-las ao pormenor.


Arturo Perez-reverte nasceu em Cartagena, em 1951. Pertence simultaneamente ao mundo do jornalismo e ao da literatura e no exercício da sua actividade como repórter de imprensa, rádio e televisão viveu a maior parte dos conflitos internacionais das últimas décadas.
Viu corada a sua carreira com o romance A tábua de Flandres (1990), traduzido e editado em vários países, e adaptado ao cinema por Jim Mcbridge.
O autor em qustão vai estar em entrvista, segunda-feira dia 20, na Fanc Chiado.


O Clube dumas inspirou Roman Polanski no filme, a nona porta com Johnny Depp. Embora com algumas divergências, são visíveis as semelhanças entre as duas obras: Lucas Corso passa Dean Corso; em vez de um entrelace de dois livros (O Vinho de Anjou e As nove Portas no Clube Dumas, enquanto no filme, o primeiro é reservado ao desprezo) entre outras.



É inevitável a comparação. E quem sai a perder é certamente Roman Polanski, O cruzar de dois livros tão distantes só por si é suficiente para a vantagem de Pérez-Reverte, e a decisão de Polanski em “cortar” algumas acções chave do livro, implicam uma sensação de perda para quem está por dentro das duas obras. Compreendo que tudo isto é normal na adaptação de um livro para o grande ecrã, mas não podia deixar de referir. Ainda no tema de comparação, devo dizer que a escolha de Polanski de alterar a figura do diabo funcionou pois tornou-se “numa diaba” muito mais atraente. E com ela, a cena de sexo (incrivelmente descrita no livro) que finaliza o filme, torna-se capaz de deixar os espectadores agitados na cadeira.

Como nota de conclusão fica uma critica, dirigida à editora Dom Quixote pela presença de alguns erros ortográficos na obra, algo que não pode passar em branco pelos revisores de umas das maiores e mais prestigiadas editoras de Portugal.

Clube Dumas
Titulo: Clube Dumas ou A sombra de Richelieu
Tradução: Maria do Carmo Abreu
1ª edição: Abril de 1995
Autor: Arturo Pérez-reverte

A Nona Porta
Roman Polanski’s “The ninth gate” com Johnny Depp, Lena Olin, Frank Langella, James Russo, Jack Taylor e Emmanuelle Seigner nos principais papéis. 1999