segunda-feira, dezembro 19, 2005

O melhor de 2005

Agora que chega o final do ano, há a tendência de se fazer listinhas sobre os melhores albums e sobre o que melhor se fez na música deste ano. Neste contexto, apresento aqui uns quantos cds que considero que se destacaram e que estão a um nível bem acima da média. Aqui estão eles por ordem alfabética:
Alice Russell- My favourite Letters- Trata-se de um disco inspirante e pode ser descrito como um caleidoscópio da música soul com influências do gospel, hip hop, jazz, electrónica e funk. Esta cantora que tem sido falada como a próxima grande voz feminina do soul(os massive attack andam-lhe a piscar o olho para futura vocalista), apresentou este ano o segundo álbum caracterizado pela grande proliferação de estilos e pelo seu extraordinário talento vocal. A produção está entregue a TM JUKE(presença constante nas coléctaneas Saint Germain Des pres). Human Kind é o ponto alto do album.
Colder- Heat - A crítica coloca este album num patamar inferior ao primeiro cd(Again) de Marc Nguyen-nguyen Tan com o nome de guerra Colder. No entanto, na minha opinião, pode-se considerá-lo um dos melhores do ano. Em relação ao primeiro cd, este Heat é mais emotivo, sendo também mais perceptáveis as influências dos joy division.
Flanger- Spirituals- "Sacanas dos LCD..." Devem estar agora a dizer os Flanger já que se não fosse a banda de James Murphy, o novo cd dos flanger poderia levar o ouro nesta categoria. Este duo electrónico( Atom Heart e e Burnt Freeman) são incontestávelmente os pioneiros no jazz experimental. A sua música é uma combinação de elementos do jazz tradicional com técnicas de edição que foram explorando nos albums anteriores. Na sua última oferta musical, os Flanger decidiram explorar a noção de "jazz antes do jazz". O que faz este album especial são as maravilhosas imagens presentes em cada canção. Down the River é exemplo disso, em que é relatada uma viagem mágica pelo mississippi através de um barco a vapor.
LCD Soundsystem- LCD Soundsystem- James Murphy é um verdadeiro visionário. Ele conseguiu conjugar neste album o "antigo" com o "novo", trazendo as mais variadas influências( Suicide, Eno, Can, Talking Heads) do que resultou algo verdadeiramente original. E claro, a intuição deste homem para singles de sucesso é impressionante. Trata-se de um album consistente, destacando-se tribulations que é para mim a faixa mais bem conseguida.De destacar ainda Daft punk is playing in my house em que Murphy mostra todo o entusiasmo e humildade pela música, tal como denota a excitação "juvenil" do próprio titulo da canção. Disco Infiltrator faz abanar os corpitos.
Kanye West- Late Registration- Estão muito enganados aqueles que pensam que Kanye( para os amigos K-boy, na brinca pessoal) é mais um rapper rodeado de gajas boas e de bling bling. O homem também não é nenhum salvador do hip hop, no entanto o seu último album é muito bem produzido, de onde sobressai a personalidade combativa e a consciência crítica de kanye( críticas à administração bush). Destacam-se Gold Digger e Touch the Sky (a minha favorita) que ao transformar o Move on up de Curtis Mayfield, o torna absolutamente perfeito. Bring me Down é uma das excepções deste album muito por culpa da voz pouco melodiosa de Adam Levine (Maroon 5).
M.I.A- Arular- Esta menina nascida no Sri Lanka é um excepção ao destino das mulheres daquele país que acabam na indústria do sexo ou nas indústrias da Nike. O seu album foi um estrondo na música electrónica, tratando-se de um mix de ragga-ragga com música de electrodance. Dispõe de letras profundas que falam sobre assuntos pesados e realidades que enfrentou( prostituição infantil, pobreza). No entanto, Maya não o expressa de forma agressiva, mas sim de forma divertida e para fazer dançar. As referências sexuais fluem livremente neste disco, o que o torna particularmente irresistível. Destacam-se Galang, Pull up the People e Sunshowers.
Sufjan Stevens- Illinois- Este cd é simplesmente magnífico. Sufjan ainda vai longe do seu objectivo que é nada mais nada menos do que compor um album para cada estado dos EUA. Lançou este ano o segundo album dessa colecção que à primeira vista parece suar perigosamente similar ao album anterior Michigan. Falso Alarme. Trata-se de música muito trabalhada e tecnicamente precisa. O seu Folk mostra-se ainda melhor neste album, criando interessantes narrativas para cada canção. Sufjan pede apenas um pouco de paciência para ouvir este album de 74 minutos, mas Illnois é ainda maior em qualidade.
Existem muitos outros que me agradaram tal como I´m Wide Awake, It´s Morning dos Bright Eyes ou Takk dos Sigur Rós.