Swimming Pool

Charlotte Rampling é Sarah Morton, uma escritora de meia-idade, estereotipada no género do policial, que enfrenta as crises próprias da sua faixa etária face ao seu stiff upper lip britânico. A convite do seu editor viaja para a sua casa de campo francesa, onde irá travar conhecimentos com Julie (Ludivine Sagnier). Esta irá transformar a sua vida por completo, relembrando-lhe a sua juventude, e far-lhe-à, ao invés de escrevê-la, viver a vida.
Em Swimming Pool, Ozon consegue uma vez mais trazer-nos um universo muito feminino e pleno de sensualidade. Poucos para além dele conseguiriam tornar uma cena do género, entre um velho e uma quarentona, apetecível. Ozon fala-nos da juventude, do seu ímpeto face ao conservadorismo recalcado de alguém que anseia, no fundo, por se entregar também. Ao mesmo tempo, Ozon mostra-nos ao que pode levar o labirinto indecifrável da inconsequência.
Para além do voyeurismo literário de Sarah Morton e da inexistência moral de Julie, ambas aprendem a coabitar num universo misto de desejo e diversão. Até que um homem, pondo-se entre elas, as une ainda mais. É este o ponto de partida para uma escalada imparável de complicações psicológicas no enredo que nos apresenta o realizador francês.
Realce para a fotografia e para as excelentes representações da dupla de actrizes. Por último, bem ao jeito de David Lynch, Ozon deixa-nos um travo amargo de incompreensão num final surpreendente e desarmante onde se desconstroí qualquer possível construção na nossa mente.
Título: Swimming Pool
Realização: François Ozon
Elenco: Charlotte Rampling, Ludivine Sagnier, Charles Dance, Jean-Marie Lamour, Marc Fayolle.
França, 2002.
Nota: 7/10
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