domingo, fevereiro 05, 2006

O que aconteceria se um elefante entrasse numa sala de cristal?



É num dia clássico de Outono, que nos são apresentados cada uma das personagens presentes no filme. Temos um estudante de fotografia, Eli, que enquanto percorre os corredores do liceu, aproveita para fotografar retratos dos que se cruzam com ele, como é o caso de John, que se dirige ao gabinete do director para levar uma repreensão por ter chegado novamente atrasado, temos também Nathan, um jogador de futebol que terminado o seu treino, prepara-se para se encontrar com a namorada. Brittany, Jordan e Nicole, coscuvilham como habitualmente nos corredores, enquanto Michelle corre para a biblioteca, onde de momento, passa os seus dias a arrumar livros.
Estamos portanto num cenário familiar a todas as personagens, inclusive para Alex e Eric dois jovens que enquanto os outros fotografam, chegam atrasados, coscuvilham e arrumam livros, devido à intenção de pela primeira serem vistos (ao contrario do que acontece habitualmente, em que são tratados como parte da decoração do liceu) resolvem, matar o máximo de alunos e funcionários do liceu, suicidando-se em seguida.

Inspirado na tragédia de Columbine, Gus Van Sant, cria assim o filme que foi aclamado por muitos como uma obra-prima. O seu ponto forte será talvez a fotografia, conseguindo tornar uma acção neutra, num ambiente asfixiante. O espectador é levado a crer que o seu papel de observador torna-se desnecessário e até desencorajado. Parece que não foi feito para ser visto, algo que me custa passar de constatação a raciocínio. Atribuo a culpa ao facto de em mais do que uma vez ser visível apenas as costas da personagem durante vários minutos seguidos ou também de em cenas de diálogo, a imagem não se apresentar centrada, chegando mesmo a cortar um dos intervenientes. Nota alta também para a banda sonora, suave, passando despercebida mas com grande valor, como é o caso da belíssima Sonata ao luar de Ludwig Van.

Titulo: Elephant
Realizador: Gus Van Sant
Elenco: Alex Frost, Eric Deulen, John Robinson, Elias McConnell
HBO Films, 2003

PALMA DE OURO – Festival de Cannes 2003 e Prémio melhor realizador

3 Comments:

Blogger Gustavo Jesus said...

Verdadeiramente brilhante, o que realmente impressiona em Van Sant é a capacidade de não formular juízos, remetendo essa função para o espectador (se é que tal personagem é tida em conta, como, e bem, se diz).

8:40 da tarde  
Blogger Pedro Teixeira said...

Não. Mais do que remeter a formulação de juízos aos espectadores, o que não é propriamente inédito, impressionante é a t-shirt amarela com o touro. Há estilo no meio do massacre.

1:00 da manhã  
Blogger Gustavo Jesus said...

Pequeno colibree... Sem querer ser chato, tu já és muito burro. E tu, ó exit1, "não é proprimente inédito"? Que é que tu sabes disso?

8:42 da tarde  

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