quinta-feira, maio 18, 2006

O Código Da Vinci


Prestes a estrear um dos filmes mais mediáticos dos últimos tempos, como o comprovam os gastos de produção e nomes como Ron Howard, Tom Hanks, Audrey Tatou ou Jean Reno, seria talvez oportuno rever o livro que lhe deu origem, esse sim, sem qualquer contestação, o livro mais mediático da última década.
Regra geral, há que desconfiar da arte megalomanamente divulgada, do facilmente mediático e vendido em massa. Pelo geral espirito acrítico de tais obras. E isto não apenas no campo da literatura, mas mesmo em música, em cinema, em qualquer ramo. Correriamos o risco, se não o fizessemos, se não permanentemente desconfiássemos, de sermos levados, de simplesmente seguir o carreiro, o rumo que os outros tomam. O mega êxito de Dan Brown é um caso muito peculiar desta leitura light, desavergonhadamente pop.
Há muito a dizer sobre este livro, mas comecemos talvez pela parte mais pobre. Como a tal regra geral, e sem qualquer pudor, O Código Da Vinci é um livro pobre. Escasso até. Um romance deprimentemente prevísivel, de enredo amoroso muito pouco inovador, com personagens mal construidas, mal exploradas e com um ritmo, sim senhora muito fluído, cinematográfico como se exige, mas com muito pouca consistência.
Agora, exposto o livro, há que dizer que não, o livro não é mau, bem pelo contrário, é dos maiores exercícios racionais dos últimos tempos. Todos terão algo a dizer sobre toda a teoria, não original, de Dan Brown, sobre Maria Madalena, sobre o Graal, sobre a fundação da Igreja Católica. Um elogio não pode ser retirado a Dan Brown, o de suscitar uma discussão sobre o assunto, o de pôr pessoas a pensar, o de despertar curiosidade sobre temas como pintura, religião ou politica.
Para além disso, a grande questão deste livro, que por vezes passa ao lado de alguns, é de louvar. O grande confronto entre crentes gnósticos e crentes ortodoxos, uma das mais relevantes discussões sobre o rumo da espiritualidade e o papel da Igreja, não deve ser descurado. Ainda assim, de cada vez que vir um expositor, e não serão poucos, atolhados por pilhas de livros com a face de Gioconda, desconfie.
Título: O Código Da Vinci
Autor: Dan Brown
Nota: 6/10

1 Comments:

Blogger Aldemar Norek said...

este livro consegui ler até o final, apesar do enfado da sua previsibilidade. Uma previsibilidade de filme 'bockbuster', destes que a gente até assiste só pra esquecer da vida.
Mas não entendo as tão acaloradas discussões a que se entregam pessoas presumivelmente inteligentes sobre a tese (?) que o tal Dan Brown levanta.

2:10 da manhã  

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