terça-feira, fevereiro 20, 2007

The Good, The Bad and The Queen

Um pouco em jeito de banda desenhada, onde em tempos de crise e vilões uma compilação de super-heróis se agrega, Damon Albarn toca a trombeta e faz reunir uma colectânea de renome intitulando-se de The Good, The Bad and The Queen, editando neste principio de 2007 um álbum homónimo. À chamada responderam o ex-Clash Paul Simonon, o guitarrista dos Verve Simon Tong e o baterista Tony Allen. Não obstante a já sonante reunião, a produção ficaria a cargo do ultra-aclamado Danger Mouse. Tudo isto, então, com o capitão da cruzada, Damon Albarn, à cabeça.

A carreira de Albarn tem sido tudo menos escorreita. Agarra a fama através dos belíssimos Blur, compondo acordes melódicos e melancólicos mas que sobreviviam a este estatuto por vezes redutor por escalarem com qualidade a intricada Pop Britânica. Depois vieram as experiência no Mali e, mais mediaticamente, os Gorillaz. E, quando parecia que os seus tempos mais indie tinham dado lugar à exploração electrónica e tecnológica do mundo animado, eis que atira, antes do cd, o single “Herculean” do seu novo trabalho.

O que se ouve em “Herculean” é uma síntese perfeita do que será o álbum, num trabalho espantoso de coerência numa unidade afirmativa e positiva. O que se ouve em The Good, The Bad and The Queen é o maior tributo à música dos Blur desde o fim destes. Um retorno às origens, a mesma essência Pop Britânica, os mesmos padrões estéticos. Esqueçam a força dos Gorillaz, esqueçam a experimentalidade da música do Mali. Peguem no The Best Of dos Blur e procurem a sua zona mais obscura.

Mas Albarn está diferente. Não é a mesma Pop desencantada mas pura. A sua voz está na mesma, mas o que a acompanha não. Há uma sujidade, um perder da inocência, uma noção de que a vida não é mesmo nada boa – como se percebe pelas constantes referências à guerra. Músicas como “History Song”, “80’s Life” ou “Herculean” são do melhor Blur estragado, no bom sentido, pelo clima de uma cidade como Londres. Este não é o melhor cd com que Albarn nos presenteou. Mas este Albarn maduro a pedir metáforas ao vinho do porto assenta-lhe mesmo bem.
Título: The Good, The Bad and The Queen
Autor: The Good, The Bad and The Queen
Nota: 7/10