segunda-feira, novembro 13, 2006

Voz Própria #1 - Nuno Prata

Na sequência da análise que fizemos ao seu álbum, Nuno Prata aceitou responder-nos a algumas questões sobre a sua música e, em particular, sobre o seu mais recente trabalho, Todos os dias fossem estes outros.

Não é o primeiro com um passado numa banda conceituada e reconhecida a partir para um projecto a solo (Margarida Pinto, Manuel Cruz, Tim ou David Fonseca) mas é dos poucos que se consegue afastar muito notoriamente da música que a banda fazia, mantendo a qualidade. Qual é o peso e a influência da música dos Ornatos Violeta e dessa experiência neste álbum?
Os Ornatos pesaram sobretudo como experiência de vida. Como agora estou num outro papel, e os meios com que desenvolvi este trabalho foram consideravelmente diferentes daqueles de que usufruia na banda, profissionalmente sinto que comecei do zero.

Quais as grandes influências que sente ao ouvir-se?
O que facilmente reconheço quando me ouço são as questões que me levaram a fazer as canções e as circunstâncias que influenciaram decisivamente o modo de as trabalhar e gravar.
Qual o papel de Nicolas Tricot na sua música?
O Nico fez comigo os arranjos das canções. No disco, para além de músico foi técnico de som e produtor musical, papéis que com o método de trabalho que seguimos eram indissociáveis. É um dos músicos mais criativos que conheço. Toca vários instrumentos e tem uma forte personalidade musical que não se importa de por à mercê das canções.
Não é muito comum um álbum de estreia ter 19 canções. Apesar de ter resultado, à partida não seria um risco tantas canções?
É engraçado essa ser uma questão repisada. Para mim, o facto de o disco ter dezanove canções é um não-assunto. Mais tivesse tido oportunidade de gravar, mais incluiria no disco.Há seis anos que levo a sério as canções que faço e ainda só consegui gravar um único disco. Acho até que são poucas…
Como classifica a Indústria Discográfica em Portugal, em relação à abertura a novos projectos?
Não me parece que se possa dizer que existe uma indústria discográfica em Portugal. A ideia que tenho é que a "indústria" esmifra o mais que pode as galinhas dos ovos de ouro, e os projectos novos não têm muito que esmifrar, pelo contrário, têm de ser alimentados.
Depois deste CD e da boa aceitação que tem tido, que planos para o futuro?
Essa aceitação, apesar de gratificante, tem sido diminuta, não me permitindo até à data rentabilizar pessoal e profissionalmente o meu trabalho. Pode não parecer muito ambicioso, mas o meu grande objectivo é conseguir pagar o disco. Que planos posso fazer para o futuro que não passem por tocar estas e outras canções, e fazer mais?
(O Espaço de Crítica Artística agradece ao Nuno Prata toda a disponibilidade demonstrada.)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Industria Discográfica?
Se realmente existe...Não presta.

Quando parece que a musica portuguesa pode vir a dar um salto, eis que descobrimos que os responsáveis pela boa criação, têm como próximos planos, pagar os discos que fazem.

Tou frustrado. Gosto mesmo deste album. A simplicidade, o requinte melódico e o conteúdo poético das canções...
Imaginei quando sairía o próximo album, cheio de vontade de o comprar. Mas enfim. Só mesmo com muita força de vontade por parte do Nuno e das pessoas que com ele colaboram é que isso será possível.
Cá por mim, torço por ele.

1:15 da tarde  

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