domingo, abril 15, 2007

Someone to Drive You Home


Kate Jackson, sensual mais do que o suficiente é a voz e o corpo, da banda constituída por três elas e dois eles. The Long Blondes apresentam, sem complexos e repletos de espontaneidade, o seu primeiro trabalho, Someone to Drive You Home. Onde mora a new wave feminina? Em Sheffield. É daí que provem este som refrescante, que vagueia entre o revivalista e o moderno, entre o next-big-thing assumido e disco para ouvir e reouvir, uma e outra e outra vez. Tudo, sempre, sem quaisquer pretensiosismos. “You’re only nineteen for God’s sake. You don’t need a boyfriend.”

The Long Blondes são uma mistura heterogénea entre Franz Ferdinand e Cansei de Ser Sexy. Dos primeiros pescam o som rockeiro, de refrão Pop, repleto de energia, a piscar o olho à pista de dança e ao agitar de corpos dentro de vestimentas retro-fashion. Das segundas, para além da feminilidade (onde, convenhamos, Kate Jackson ganha aos pontos), retiram o espírito. We want it fast, and we want it now. O que está mais na moda do que assumir um som descomprometido, que procura apenas a efemeridade de 3 minutos de uma boa música? O que é, agora, mais fashion do que o imediatismo assumido, a atitude de procurar apenas aquela boa música? Nada. Nada sabe melhor do que 4 minutos e alguns segundos numa pista de dança, num concerto, num carro com o volume ao máximo.

Someone to Drive You Home é mestre em canções Pop de encanto imediato, mas estranhamente persistente. Um fim de semana sem maquilhagem, a idade ou o amor são problemas que por aqui são debatidos, constantemente a alta velocidade. Nem Sartre, nem Nietzsche, nem metafísica que lhes valha, nem das mais modernas. Apenas mulheres ligeiramente mais velhas a falar para mulheres ligeiramente mais novas. É este o fascínio. “Once and Never Again” é exemplo claro da maturidade de todo este festival adolescente. Tudo sabe melhor quando é intencional. Fundo Punk-Rock e refrão inteligente, regado com o coro do resto das meninas dá num dos primeiros singles da banda.

“Giddy Stratospheres” traz versão mais adulta e “Weekend Without Make-up” é paradigma de tudo isto, versão de quatro minutos e onze segundos de como bem fazer um single de Pop, a permitir tanto pormenores interessantes como simples agitar de cabeça. Sem esquecer que o bom refrão Pop, canta-se. “Where do You go when you finish work. You Should have been home an hour ago.” E com estas linhas se coze um dos melhores albums do inicio de 2007. Consumam-no rápido, muito rápido. Não que o prazo passe, mas é assim que deve ser consumido. Bem agitado.

Título: Somone to Drive You Home
Autor: The Long Blondes

Nota: 7/10