Rewind #1 - O Arrependido
Obra de referência no film-noir e um dos maiores filmes do realizador Jacques Tourneur, é assim que nos é apresentado O Arrependido. Tourneur apresenta-nos um filme onde a atmosfera intriguista é catalizada pelo generalizado clima de suspeita, onde todos enganam todos e onde todos desconfiam disso mesmo.Jeff Markham, que afinal vem a revelar-se ser Jeff Bailey, é um pacato dono de uma bomba de gasolina de uma pequena vila, onde se apaixona por Ann Miller, uma local. A chegada de um homem à vila vem recordar-lhe o seu passado e forçá-lo a reentrar na obscuridade e indecisão desse mesmo passado.
É este o ponto de partida para este filme, de título original Out of the past, onde se irão misturar géneros como o suspense, thriller, mas acima de tudo o film-noir. Jeff, já como Jeff Bailey, é então obrigado a voltar atrás no tempo, regressando à profissão de detective privado a soldo de vigaristas. Um último trabalho para pagar uma antiga dívida a Whit Sterling. É como tal que vai reentrar Kathie, uma antiga paixão, numa relação onde nenhum é honesto.
Em O Arrependido, Tourneur mostra-nos a sua admiração confessa por Hitchcock, quer no ambiente misterioso e nunca muito definido que é criado, quer nas reviravoltas do enredo (muito próprias de filmes de Hitchcock como O Homem Que Sabia Demais), mas acima de tudo na sua forma de realização, ao nível das músicas e na maneira como as usa.
Jacques Tourneur, realizador cuja obra será talvez maior que o nome, tem em O Arrependido um filme que retrata duas Américas. A pacata e conservadora do campo e a citadina, manipuladora e corrosiva, aspecto bem frisado no contraste das mulheres. Um filme sobre a inevitabilidade da vida, sobre as consequências inadiáveis dos actos uma distinção clara entre o Bem e o Mal. Para tudo isto conta com um soberbo Robert Mitchum como Jeff e um característico gangter em Kirk Douglas no papel de Whit Sterling.
Título: O Arrependido
Realização: Jacques Tourneur
Elenco: Robert Mitchum, Kirk Douglas, Jane Greer, Rhonda Fleming, Virginia Huston, Dickie Moore, Paul Valentine.
EUA, 1947
Nota: 7/10




O meu tio tem o (bom) hábito de no natal, oferecer-me um livro. E, por incrível que parece, e para sorte minha, acerta sempre nos meus gostos. É portanto, grande a expectativa ao rasgar o irritante papel de embrulho. Este ano fui galardoado com um livro que vai ao encontro com o que, neste momento, ocupo os meus dias – teatro – o que só por si seria suficiente para ter sucesso na escolha.









Trata-se de um objecto de funcionamento simbólico. Este telefone cujo auscultador é uma lagosta branca não deixa mesmo assim de surpreender pela sua capacidade humoral, e sobretudo de nos fazer pensar na reacção que terá obtido em 1936, ano em que foi mostrado (na sua versão primeira de exposição nova iorquina a lagosta estava viva) dividindo os públicos entre uma aceitação snob e no fundo incompreensiva ou uma reactividade natural diante do seu absurdo inerente.



“Basil Hallward é aquilo que eu penso de mim; Lord Henry, o que o mundo pensa de mim; Dorian é o que eu gostaria de ser noutra época talvez.”







Rui Veloso finalmente edita um novo CD de originais, rompendo assim com a era de colectâneas. Pois é, foi em 1998 que Rui Veloso nos presenteou com o seu último disco de originais, de seu nome “Avenidas”. Não é de estranhar portanto que o acarinhado pai do rock português volte com ideias e estilos que fogem ao tradicional. Em compensação, as habituais letras de Carlos Tê continuam aliadas à característica voz já com 25 anos de carreira. “A espuma das canções” promete juntar-se a todas aquelas que já todos sabemos de cor. Não pode ser por acaso que um nome, uma voz tenham tanto sucesso durante 25 anos (e quantos mais nos esperam pela frente?) e continuando a encher auditórios com vozes desafinadas acompanhando sem erros as letras de êxitos tão conhecidos como “Chico fininho”, “Paixão”, “Não há estrelas no céu” e, se me permitem, a minha predilecta, “Cavaleiro andante”. É portanto, de braços abertos que recebemos esta prenda de natal.




