quinta-feira, junho 21, 2007

Mudança


A partir de agora, podem encontrar-me em Ícaro.

sábado, junho 16, 2007

Final

Por razões internas, este post representa o fim deste projecto.

A todos os que nos visitaram, obrigado.

quinta-feira, junho 07, 2007

Release the Stars


Depois de uma carreira já com uma década de criação musical, da qual nasceram cinco álbuns, Rufus Wainwright traz-nos o seu mais recente projecto, que aspira também ser o seu melhor trabalho, não tivesse a sua herança musical o peso que tem (quer do seu pai Loudon Wainwright e da sua mãe Kate Wainwright, quer dos seus contemporâneos).

À semelhança do que já acontecera em Want One e Want Two, Rufus Wainwright soube jogar com a certeza de que é bastante melhor ao distanciar-se do pré-fabricado do que ao tentar imiscuir-se na banalidade das caixas registadoras. Do mesmo modo, a temática bipolar do cantor continua bastante presente neste álbum: oscila entre a dor amorosa e a opulência da estética que só a sua homossexualidade lhe permite. Aliás, não é muito difícil encontrar nesta homossexualidade toda a inspiração da sua criação artística, das suas letras e do seu jeito peculiar de fazer música diferente e alternativa.

Ainda assim, em Release the Stars, encontramos um Rufus Wainwright mais expandido a outras musicalidades, a outros instrumentos, a outros estilos e texturas, sempre com resultados muito próprios, muito individuais (que muito embora não se afastam do que já sabemos acerca dele), residindo aqui o seu trunfo indiscernível.

Como homem do espectáculo que é, não dispensa uma abertura em grande. Começa, então com Do I Disappoint You, uma faixa de inspiração mais oriental, com uma peculiar harmonização das cordas sobre uma letra interessante, como já Wainwright nos tem habituado. Abre-se, assim, a cortina para o primeiro single Going to a Town, uma música que facilmente fica no ouvido pela simplicidade dos acordes no piano, pela melodia triste e melancólica, e pela letra de rara sátira política e activista: “Do you really think you go to Hell for having loved?”. Expondo aqui alguma da sua revolta contra o cinismo e a homofobia americanas, Rufus consegue, sem se extinguir, a música mais marcante do disco.

Como já vem sendo hábito, as baladas de Wainwright também são indispensáveis de qualquer álbum. Toques gentis, arranjos lentos para cordas, uma expressão arrepiante muito bem conseguida estão presentes em Nobody’s Off the Hook (com algumas reminiscências da conhecida música Poses). Leaving for Paris no. 2 também consegue realçar uma música já conhecida, com uma nova leitura no piano.

E, do mesmo modo, como também já se sabe, Rufus Wainwright alcança melhores momentos quando escreve sobre romance, em vez de sexo: Between My Legs funciona bem, embora se note alguma plasticidade desnecessária no rodeio dado às guitarras. Já Tulsa, baseada no alegado affair do cantor com o vocalista dos The Killers (Brandon Flowers), é uma faixa poderosa, com uma letra particular ("You taste of potato chips in the morning / Your face has the Marlon Brando club calling") e concentra-se num final mediado pela impertinência das cordas.

Slideshow peca pela redundância e Sanssouci pela extrema simplicidade na composição, embora sejam duas músicas que põem à prova a magnífica voz de Wainwright. E as letras são, como sempre, qualquer coisa de extraordinário, remontando aos temas típicos: a família, a religião, a homossexualidade, o amor e o romance, tudo regadíssimo com um glamour muito próprio de quem vive para a extravagância de uma realidade alternativa. É neste sentido que a última faixa Release the Stars, entregue a uma nostalgia musical muito bem conseguida, fecha em grande um álbum que, apesar de não surpreender, não deixa de nos trazer bons momentos musicais.

Para os fãs, é imperdível. Para quem não conhece, aconselho vivamente a que peguem nos outros discos todos lá para trás… Straight to the point.



Título: Release the Stars

Artista/Compositor: Rufus Wainwright

Ano: 2007