domingo, abril 29, 2007

The Pervert's Guide To Cinema


O Indie Lisboa trouxe-nos um filósofo que aparenta estar a meio caminho entre o excêntrico e o sério. Seguido por uma autêntica legião de fãs (especialmente no continente americano) que extravasa qualquer noção sensata da popularidade alcançável por um filósofo, Slavoj Zizek (lê-se Slavói Chichec) arranca o espectador da sua habitual passividade e procura, ao longo de mais de duas horas, levá-lo numa desafiadora viagem pelas intersecções do cinema com a psicanálise.

Importa realçar que o psicanalista esloveno se despe do jargão académico que à partida se lhe associaria como eminente filósofo, embarcando num registo que lhe permite intercalar alguns momentos em que expõe raciocínios conceptualmente apurados com outros em que mostra toda a sua comicidade. O que se mantém é a sua disponibilidade para o choque e para o inesperado, bem patente quer no desenvolvimento que dá ao tema do prazer sexual quer em apontamentos acessórios, como quando diz o que as tulipas lhe suscitam, num jardim que recria um cenário de Blue Velvet: “Basically it’s an open invitation to all the insects: ‘Please come and screw me.’”

O sexo é, de facto, um assunto que se espera ver tratado num filme com este enquadramento, mas o carismático Zizek sabe apresentá-lo com o entusiasmo próprio de quem percebe que há mais na teoria psicanalítica do que sexo. Do que fala ele então? Pode-se dizer, embora com algum risco, que Zizek consegue a proeza de abordar todos os aspectos que comummente se associam à psicologia. Conceitos como real, imaginário, consciente, inconsciente, desejo e fantasia fazem todos parte do vocabulário de Zizek, sendo que o seu grande esforço é tornar simples e acessível às massas a tradução da psicanálise lacaniana (da qual é discípulo). Para ele, o cinema é a arte que reúne as melhores características quando o objectivo é comunicar certas noções da psicologia: o cinema não só é uma mescla perfeita entre imagem, linguagem e som, como tem a virtude de pertencer à cultura popular.

Revisitando alguns ambientes e cenários famosos, Zizek aborda o espectador partindo de dentro dos filmes sobre os quais discorre, pelo que a presença dele avisa-nos para a verosimilhança de todo o cinema ou, opostamente, para a inverosimilhança da nossa vida – de qualquer das maneiras, Zizek tenta laboriosamente convencer-nos de que o espectador poderá ver em si próprio e na apreensão que tem do mundo exterior impressões que os filmes de David Lynch, Alfred Hitchcock e Charlie Chaplin apenas vagamente deixam em si.

Hitchcock é provavelmente, na opinião de Zizek, o mais freudiano de todos os realizadores, pelo que os seus filmes, especialmente o clássico Os Pássaros, são a verdadeira massa consistente que une todas as pontas soltas deste documentário. Mas há mais: Lynch vê o seu cinema normalmente tido por enigmático e misterioso à beira da desconstrução, Chaplin é arrancado (com toda a oportunidade) do simplismo que habitualmente lhe é diagnosticado e outros realizadores como Tarkovsky, Francis Ford Coppola, Kubrick e Eisenstein vêm alguma da sua arte devassada pelo poder oratório de Zizek.

O nosso guia é um apaixonado pelo cinema e pela psicanálise, mas contém a sua paixão até ao ponto intermédio em que não nos deixa compreender se ele nos apresenta uma mera interpretação à luz da sua formação, ou uma descodificação do que ele julga terem sido os verdadeiros objectivos de alguns realizadores na feitura dos seus filmes. Mas, na verdade, tudo isto roça a esterilidade se não se assistiu ao documentário.

“Cinema is the ultimate pervert art. It doesn't give you what you desire, it tells you how to desire."

Título:
The Pervert's Guide To Cinema
Realizador: Sophie Fiennes
Reino Unido, 2006.

sexta-feira, abril 27, 2007

Missão Solar

Ora vamos lá ver. Uma nave faz o seu percurso pelo espaço quando um intruso se faz presente e complica a missão, tentando matar os residentes da nave. Onde é que eu já vi isto? Ok, vamos tentar de outra forma então. Um grupo é destacado para salvar a humanidade de uma catástrofe emergente. Familiar? Não se trata de Alien, muito menos de Armageddon. Falamos de Missão Solar, o novo filme do britânico Danny Boyle que, com menos pompa que outros mas igual prejuízo, é mais um alvo dos péssimos tradutores de títulos portugueses.

Sejamos justos com Boyle e recapitulemos a sinopse. Num futuro próximo, a estrela que ilumina a Terra – que para os mais despistados é o Sol – está a apagar-se, e com ela a vida na Terra. Um grupo é enviado, na sequência de um primeiro grupo cujo destino se desconhece, para tentar reverter a situação, criando uma espécie de Big-Bang que recrie a formação de uma estrela e, como tal, reponha a vida, assim na Terra como no Céu.

A vantagem é que Boyle não esquece Alien e Armageddon, antes os cita e evita os seus erros. Bom contador de histórias como sempre se revelou (nunca esquecer Trainspotting), consegue fugir ao padrão básico de desenrolar dos acontecimentos. Opta por iniciar o nosso contacto com a nave Icarus II quando já passam 16 meses de viagem. Evitam-se assim os sentimentalismos desnecessários da despedida e entra-se de rompante num clima já conflituoso. A desvantagem de Missão Solar é, contudo, a mesma. Boyle não esquece que já existem Alien e Armageddon. E nós também não.

A questão que se tenta ainda introduzir no filme, porque Boyle não é menino de pegar num tema e deixar-se sossegado, é a dicotomia Fé/Ciência. Não bastava o filme ter uma toada eminentemente simbólica, como o indica o próprio nome da nave, é trazido à tona a questão existencialista por trás de tudo isto. Ainda bem, porque a Ficção Cientifica não se fez só para apreciar grandes planos do espaço. Há em Missão Solar as questões da proximidade cósmica, da solidão e da inevitabilidade. Fica uma não suficientemente profunda achega a Deus, ele próprio aqui revisitado constantemente sobre a forma de luz e vida, um ressuscitar que tem tanto de bíblico como de fenixiano.

Cillian Murphy, na pele de Capa, é o principal actor de serviço em torno do qual tudo parece girar, o sol do filme, nem de propósito. Ainda assim, e valha o esforço de Danny Boyle, não chega. Missão Solar raramente levanta as asas da prisão de apenas-mais-um-filme e quando o faz, qual Ícaro, queima-se, porque os temas que bem aborda exigiam outra consistência que o filme não soube ter.

Título: Missão Solar
Realizador: Danny Boyle
Elenco:Cillian Murphy, Rose Byrne, Cliff Curtis, Chris Evans, Troy Garity, Hiroyuki Sanada, Mark Strong, Benedict Wong, Michelle Yeoh
Reino Unido, 2007

Nota: 6/10

segunda-feira, abril 23, 2007

Vivo #4 - Buraka Som Sistema no Lux

Lisboa, noite de 20 de Abril, Lux. A noite começa calma e sem grande entusiasmo. O Lux vai enchendo aos poucos, muito poucos a principio, no principio de uma noite ainda fresca mas que viria a aquecer. Piso de baixo fechado à espera da hora ansiada, piso de cima averso a qualquer ponta de emoção. Por volta da uma da manhã, o espaço começa a compor-se, a fila de entrada a engrossar, mas tudo continua em banho-maria. A noite começa verdadeiramente quando, pouco antes das duas, alguém tem a boa ideia de passar, adivinharam, Buraka Som Sistema. Mais propriamente, a mais recente versão de “Dialectos de Ternura”. A noite começa nesse instante. Como que animados por uma força invasiva, os corpos dispertam para movimentos que segundos antes se julgavam impensáveis. Prenúncios de uma festa por acontecer.
From Buraca to the world.

Buraka Som Sistema tem vindo a habituar-nos a este crescendo em todos os campos. Por volta das duas horas, começa a tornar-se complicado respirar. É então a altura de abrir as portas ao andar de baixo, gesto que dá azo a um movimento apressado e generalizado, espécie de urbe histérica em período de saldos. Bem-vindos ao Inferno. E não, isto não é uma coisa má. Corpos demais em espaço de menos. É assim que devemos beber o Cocktail explosivo que se revela Buraka Som Sistema. Para perceber porquê um Cocktail, basta olhar à volta. É impossível encontrar um padrão. Aqui estão o residente habitual do Lux, o miúdo do secundário, o trintão convertido, o amante de boa música, o amante de Electrónica e o amante de Kuduro. Todos juntos. Mal o Dj de Buraka entra, todos os seus corpos se materializam numa dança contínua e sempre, sempre, próxima, em grande parte devido à falta de espaço.
Buraka entra, o som rebenta.

O resto, que é o que importa, foi aquilo que Buraka mais sabe fazer. A festa. Os puritanos do Kuduro Progressivo (se é que isto pode haver..), poderão, como por vezes fazem, clamar que isto não é o verdadeiro som que praticam. Os fãs da música da Electrónica mais arrojada poderão, e com razão, queixar-se da falta de arrojo da música de Buraka. Esta não é a música mais complexa, completa ou conexa que ouvimos e ouviremos no palco do Lux. Mas, perante a festa em que Buraka se torna, torna-se complicado pensar em qualquer destes pontos. Á técnica responde-se, em força, com o corpo. Com a agressividade. Com uma festa multiracial de constante comunicação com o corpo. Porque a falta de politicamente correcto é uma linguagem. E o Kuduro também. O Cocktail veio a demonstrar-se um shot, num concerto que durou pouco menos de duas horas, já com o encore que se pedia. Pelo meio, pessoas no palco, espectáculo visual em forma de dança e muita, muita, festa. Tanta que se perdoa o facto de terem tocado duas vezes a tão apetecível “Yah!”. No fundo, o que contou, foram os imensos corpos que se abanaram no espaço que não tinham.

Ai não…

domingo, abril 22, 2007

Vivo # 3 – Alexander Gavrylyuk & Orquestra Filarmónica da Eslováquia nos Dias da Música (C.C.B.)


Este ano, para surpresa de muitos melómanos que, como eu, ansiavam pelo decréscimo substancial do preço dos bilhetes para concertos de extraordinária qualidade, a Festa da Música do CCB viu-se reduzida a dois dias. Assim, a edição deste ano, sob o mesmo formato que as antecedentes Festas, dedicou-se inteiramente ao piano. Foram dois dias de concertos, dois dias de entradas para espaços alusivos ao instrumento rei da Música dita Clássica. Pelos auditórios e salas do Centro Cultural de Belém passaram nomes como Alexander Gavrylyuk, Artur Pizarro, Bernardo Sassetti, Jorge Moyano, Maria João Pires, Mário Laginha, Pascal Rogé, Uri Caine, orquestras de renome internacional, e solistas de instrumentos “primos” do piano, como o cravo (com Nicolau de Figueiredo) e a marimba (com Pedro Carneiro)..

À semelhança das edições anteriores, os repertórios destes artistas eram variados, embora a edição deste ano, uma vez que não era dedicada a um compositor ou a um período artístico específicos, conseguiu trazer ao público uma obra tocada mais vasta e abrangente, cobrindo algumas formas do barroco, passando pelos românticos e pelos modernos, com uma pequena paragem para a improvisação mais jazzística. Dia 21 de Abril, no grande auditório, Alexander Gavrylyuk ao piano, acompanhado pela Orquestra Filarmónica da Eslováquia dirigida por Olivieri-Monroe, trouxe-nos o magnífico Concerto para Piano e Orquestra no. 2 op. 18 em Dó Menor, do génio russo Sergei Rachmaninov (1873-1943).

De todas as formas musicais existentes na Música, o Concerto para Piano e Orquestra sempre foi olhada como uma fórmula quase divina, oscilando entre o duelo de titãs e a lírica complementação de duas “vozes” tão distintas. É certo que o piano oferece uma paleta interminável de sonoridades – tão bem explorada por Rachmaninov nos seus quatro concertos – e que a orquestra consegue manipular a musicalidade imensa a partir dos seus múltiplos instrumentos. No entanto, Rachmaninov atinge um patamar diferente quando escreve o Concerto no. 2: alcança aqui toda a genialidade que lhe faz justiça, expõe do modo mais lírico e mais bonito tudo aquilo que conseguia pôr em música, desenvolve, sem nunca esgotar, o piano em companhia da orquestra. Apesar de ter atingido o seu expoente máximo no Concerto no. 3 – bastante mais prepotente e tecnicamente dificílimo – é no no. 2 que lemos o Rachmaninov mais esteta, mais lírico, de mais bonita expressão. Uma obra magistral e perfeita.

Sobre Alexander Gavrylyuk, é necessário referir a impressionante técnica do pianista, assim como também é de notar a absolutamente arrebatadora leitura da partitura do compositor russo. Alexander Gavrylyuk é um virtuoso do piano, que brilhou ao longo dos quase trinta e sete minutos do Concerto, que se sagrou divino com as mãos nas teclas do instrumento mais magnânimo da noite. Olivieri-Monroe dirigiu uma Orquestra fluente e especialmente intensa, em especial no toque dos sopros no primeiro andamento, no brilho das cordas e dos fagotes no segundo andamento, e na segurança dos pizzicato e do crescendo no terceiro andamento. A prova de fogo de Gavrylyuk enquadra-se na mestria de Olivieri-Monroe à frente do gigante orquestral, funde-se na precisão expressiva por entre o domínio extremo do teclado.

Há quem diga que o melhor de um espectáculo são os encores. Depois de ser aplaudido com especial entusiasmo, Alexander Gavrylyuk não resistiu em oferecer-nos uma redução e variações para piano da célebre Marcha Nupcial do Sonho de Uma Noite de Verão do alemão Felix Mendelssohn-Bartholdy. Um toque final, bastante humorístico, que levou a audiência a irromper num aplauso ainda maior. Uma noite para celebrar, poder-se-ia dizer. Para muitos pianos e muitas orquestras.

sábado, abril 21, 2007

Amor, Escárnio e Maldizer

Mais do que em qualquer outra ocasião, apresentações dispensam-se. Amor, Escárnio e Maldizer é o sétimo trabalho dos multipremiados Da Weasel. Depois de Re-definições, a doninha está de volta com um álbum que promete manter os níveis quer de sucesso quer de influência. Quanto ao sucesso, as vendas no primeiro dia são bom cartão de visita para o que os espera. Quanto à influência, repita-se uma vez mais, para que não restem dúvidas. É dos Da Weasel que falamos.

Poder-se-à não gostar de Hip-Hop. Poder-se-à não gostar da música dos Da Weasel. Mas dificilmente poderá alguém ser levado a sério se não se der conta da importância dos mesmos. O Hip-Hop mainstream em Portugal tem um rosto, que vai mostrando diversas faces. Da mais agressiva e social à introspectiva e intimista. Não há medo da exposição, há necessidade de confrontação. Há sinceridade, sentimento, cultura underground lentamente tornada de massas. Como sempre disseram, eles dão-lhe com alma.

O sentimento é o de que crescemos com esta banda. Treinámos os nossos ouvidos nem sempre habituados a este espectáculo de ritmo e batida e fomos acompanhando, ao longo dos seus trabalhos, a sua maturação e a nossa. Felizmente, este ainda não é um grupo maduro. Tem as suas fraquezas. Músicas que empatam, dificuldade nalgumas situações em discernir o fundamental do acessório, letras que nem sempre mantém a toada geral de qualidade. Mas tem, esta imaturidade, uma grande vantagem. Mantêm-se um grupo à procura, sem medo do novo, audaz e propício à experiência, à variedade. Amor, Escárnio e Maldizer, pois claro. De tudo um pouco.

Desde Cinema que não se via algo assim. Desde que Rodrigo Leão se lembrou de juntar uma colectânea impressionante de convidados para o seu álbum em forma de banda sonora, que ninguém juntava tamanha amalgama de impar qualidade. José Luís Peixoto, Gato Fedorento, Bernardo Sassetti, Buraka Som Sistema, Maestro Rui Massena e Vikter Duplaix são participações que, de uma forma ou de outra, seja em remisturas, letras, arranjos ou skits, enriquecem o trabalho. Música Hip-Hop a puxar pelas massas, mãos no ar em concerto variado, numa orquestração de uma banda que caminha para o maduro em passos seguros. Referências à cultura popular um pouco ao estilo de Seth Cohen, mas sem a BD, ainda que Manara seja chamada ao barulho são pautadas com tiradas de sátira social, bem ao estilo da doninha.

“Toque-Toque” tem tempero brasileiro enquanto faz lembrar o início da banda. “Mundos Mudos” é versão intimista com participação de orquestra que encaixa bem em qualquer colectânea amorosa. Intimista também, mas porque o piano de Sassetti a isso o obriga, é “A Palavra”, bem ao estilo dos melhores cantautores. A realidade é palavra de ordem em “Negócios Estrangeiros”, na prova cabal de que é possível a convergência de influências culturais. Quanto a “Dialectos de Ternura”, se não gosta da música, aguente-se. Esta música é o verão que se avizinha.

Título: Amor, Escárnio e Maldizer
Autor: Da Weasel

Nota: 7/10

domingo, abril 15, 2007

Someone to Drive You Home


Kate Jackson, sensual mais do que o suficiente é a voz e o corpo, da banda constituída por três elas e dois eles. The Long Blondes apresentam, sem complexos e repletos de espontaneidade, o seu primeiro trabalho, Someone to Drive You Home. Onde mora a new wave feminina? Em Sheffield. É daí que provem este som refrescante, que vagueia entre o revivalista e o moderno, entre o next-big-thing assumido e disco para ouvir e reouvir, uma e outra e outra vez. Tudo, sempre, sem quaisquer pretensiosismos. “You’re only nineteen for God’s sake. You don’t need a boyfriend.”

The Long Blondes são uma mistura heterogénea entre Franz Ferdinand e Cansei de Ser Sexy. Dos primeiros pescam o som rockeiro, de refrão Pop, repleto de energia, a piscar o olho à pista de dança e ao agitar de corpos dentro de vestimentas retro-fashion. Das segundas, para além da feminilidade (onde, convenhamos, Kate Jackson ganha aos pontos), retiram o espírito. We want it fast, and we want it now. O que está mais na moda do que assumir um som descomprometido, que procura apenas a efemeridade de 3 minutos de uma boa música? O que é, agora, mais fashion do que o imediatismo assumido, a atitude de procurar apenas aquela boa música? Nada. Nada sabe melhor do que 4 minutos e alguns segundos numa pista de dança, num concerto, num carro com o volume ao máximo.

Someone to Drive You Home é mestre em canções Pop de encanto imediato, mas estranhamente persistente. Um fim de semana sem maquilhagem, a idade ou o amor são problemas que por aqui são debatidos, constantemente a alta velocidade. Nem Sartre, nem Nietzsche, nem metafísica que lhes valha, nem das mais modernas. Apenas mulheres ligeiramente mais velhas a falar para mulheres ligeiramente mais novas. É este o fascínio. “Once and Never Again” é exemplo claro da maturidade de todo este festival adolescente. Tudo sabe melhor quando é intencional. Fundo Punk-Rock e refrão inteligente, regado com o coro do resto das meninas dá num dos primeiros singles da banda.

“Giddy Stratospheres” traz versão mais adulta e “Weekend Without Make-up” é paradigma de tudo isto, versão de quatro minutos e onze segundos de como bem fazer um single de Pop, a permitir tanto pormenores interessantes como simples agitar de cabeça. Sem esquecer que o bom refrão Pop, canta-se. “Where do You go when you finish work. You Should have been home an hour ago.” E com estas linhas se coze um dos melhores albums do inicio de 2007. Consumam-no rápido, muito rápido. Não que o prazo passe, mas é assim que deve ser consumido. Bem agitado.

Título: Somone to Drive You Home
Autor: The Long Blondes

Nota: 7/10

sábado, abril 14, 2007

Life in Cartoon Motion

Há um subgénero muito claro dentro da música Pop. Nunca afirmado pelos próprios autores mas desavergonhada e categoricamente demonstrado pelos seus trabalhos. O género em causa é o de um álbum que sobrevive à custa de uma única música. Regra geral, esta será radiofónica ao máximo, tocará em todo o lado, inclusive na sua cabeça, de preferência até ao ponto de o fazer esquecer que há mais músicas no resto do cd. Life in Cartoon Motion, do anglo-libanês Mika é exemplo disso mesmo.

Se tem estado pelo planeta terra nos últimos tempos, com certeza já se deparou com “Grace Kelly”, hino Pop a puxar pelo bate-pé, de ritmo acelerado e variações vocais de grande nível. Com referências aos Queen e aos Scissor Sisters, passeando, como em todo o cd, por ambientes entre o infanto-juvenil e a Pop perfeitinha de produção exagerada, a verdade é que “Grace Kelly” cumpre a função. Com distinção.

Mas, infelizmente, Life in Cartoon Motion não se limita ao seu single principal. Há ainda “Lollipop”, mistura de comercial infantil, musical colorido e pedaços de essência Pop desgarrada. De seguida, “My Interpretation” arrepia na sua simplicidade bacoca e desprovida de sentido para além do natural seguimento Pop-Rock pisado e repisado. Mais para a frente, aparece-nos “Relax, Take it easy”, um poço de ar onde respirar. Finalmente, a voz de Mika encontra material mais sustentável que assegure mais que a mera exploração desse filão. Com um toque das “confissões” de Madonna, é o mesmo ambiente, mas desta vez a remeter para a pista de dança. Espaço então para uma Pop dançante, já que a criança se mostra mais madura.

Para além desta curta exploração do que é, sem qualquer dúvida, uma óptima voz, o álbum passa sem notas nem reparos, numa triste banalidade que a ninguém agrada nem favorece. Talvez quando Mika passar a idade dos cartoons possamos assistir a uma exploração Pop conveniente e consistente, já que parece ser aí que ela melhor se movimenta. Porque a voz dele merece. Como gente grande, para a próxima, então.

Título: Life in Cartoon Motion
Autor: Mika

Nota: 4/10

segunda-feira, abril 09, 2007

Playlist #5 - Electroma

Recuperando esta rubrica, trago-vos uma banda-sonora de um filme que analisarei muito brevemente (as músicas não estão na sequência correcta, mas antes na ordem que aparecem nos créditos finais).

International Feel - Todd Rundgren

In Dark Trees - Brian Eno

Billy Jack - Curtis Mayfield

Miserere - Gregorio Allegri

String Quarter In E Flat Major Op. 64, No. 6 - Joseph Haydn

No. 4 In E Minor [24 Preludes, Op. 28] - Fryderyk Chopin

If You Were My Man - Linda Perhacs

Dialogue - Jackson Carey Frank

Universe - Sebastian Tellier

Dúvida


Em cena no Teatro Maria Matos encontra-se a peça Dúvida, de John Patrick Shanley. Com encenação de Ana Luísa Guimarães, a peça galardoada com os prémios Pulitzer e Tony, conta com interpretação de Eunice Muñoz, Diogo Infante, Isabel Abreu e Lucília Raimundo. O Teatro Maria Matos volta a apresentar um espectáculo que se mostra consistente na sua linha de programas, um novo passo na criação de um espaço de reflexão, de exigência e de confronto. Como se pretende um Teatro.

Dúvida envolve-nos no contexto de uma igreja e respectiva escola da década de 60 no Bronx, em plena Nova Iorque. Sobre o Padre Flynn, a determinada altura, recairão as suspeita de assédio sobre uma criança, a primeira criança negra na instituição. A fonte destas suspeitas será a Madre Superiora Aloysius que consegue convencer a bem intencionada irmã James para a acompanhar na sua cruzada contra o mal, que na sua convicção, tem o rosto do Padre Flynn. Para ajudar, a mãe da criança, um estereótipo de elevada qualidade, é trazido à questão, numa interessante caracterização da sociedade americana da época.

O que Shanley nos traz é um muito aprazível conjunto de questões, de inegável actualidade e pertinência, numa peça bem estruturada e urdida. Pecará pela sua fluência nem sempre estreita e por um fim, mais do que previsível, insonso. Mas nada lhe retirará a capacidade máxima que, em última análise, é a função do Teatro. A de fazer pensar. E isso Shanley mostra dominar, trazendo à baila, de forma inteligente e nunca demasiado incomodativa, o pior de várias facetas da sociedade, em geral, e do clero, em particular. Dúvida fala-nos, numa primeira instância, de pedofilia. Não da sua parte mais óbvia e tão em voga, vendo a criança, mas pelos olhos de quem se apercebe. A inquietação da necessidade de agir perante a falta de provas que não a convicção. Todo este conflito de interesses ganhará especial interesse, e a isso não terá sido alheia a escolha da peça, quando vista à luz dos acontecimentos recentes que entupiram a imprensa nacional.

Mas Dúvida é ainda um pertinente alerta para outras questões. Uma figura de uma Igreja demasiado burocratizada e hierarquizada. Um clero masculinizado e inoperante. A força da dúvida por oposição à da certeza. A denúncia da pederastia no seio da Igreja. O poder do boato e a incapacidade de evitar as suas consequências. O peso das acções e a necessidade das mesmas. Estes são alguns dos muitos temas que vemos sendo dissecados ou meramente sugeridos na encenação de Ana Luísa Guimarães. Encenação que, apoiada por um maleável e poderoso cenário, se mostra acertada e tranquila, deixando o protagonismo, quando este é possível, para os actores.

Falar de actores nesta peça é falar de Diogo Infante, que se mostra, nesta primeira vez que sobe ao palco do Maria Matos desde que dele se encarregou, cada vez mais maduro e cada vez mais versátil. Vê-lo em Animal, de Roselyne Bosch, e vê-lo como Padre Flynn, é prova cabal disto mesmo. Quer a nível técnico (atente-se, na peça, na sua colocação de voz), quer a nível psicológico. É à volta de Diogo Infante que Dúvida gira, esteja, ou não, presente em palco. Suportando-o temos uma excelente Isabel Abreu (Laramie, Coisa Ruim, Dot.com) no papel de Irmã James e uma incompreensivelmente titubeante Eunice Muñoz no papel de Irmã Aloysius, numa interpretação sem chama nem de boa memória, que em nada faz jus aos galões que o seu nome ostentam.

O que fica desta Dúvida é a certeza de haver Teatro de referência em Portugal. A certeza da consolidação de um projecto, o Teatro Maria Matos, que em tudo revigora e revitaliza o género em Portugal, contribuindo, ainda, para uma chamada activa do público para as salas. Disso, não há dúvida.

Título: Dúvida
Autor: John Patrick Shanley
Encenação: Ana Luísa Guimarães
Elenco: Eunice Muñoz, Diogo Infante, Isabel Abreu e Lucília Raimundo.

domingo, abril 08, 2007

300


Baseado na banda-desenhada com o mesmo título, da autoria de Frank Miller, que por sua vez conta a resistência heroico-masoquista do rei espartano Leónidas e os seus trezentos homens face às hordas do Império Persa – mais sobrenaturais que humanas -, este 300 de Jack Snyder tem, diga-se, a decência de procurar efectivamente ser um decalque fílmico da sua fonte, apresentando as características mais comummente associadas ao género, todas elas acentuando o exagero e a fantasia. Quem de bom senso se interessar subitamente na Batalha de Termópilas de um ponto de vista intelectual e ansiando o máximo rigor histórico, decerto não considerará a referida BD uma fonte credível, mas quem se achar sentado na sala de cinema na expectativa de assistir a um retrato documental da batalha saberá o que é afinal um amargo de boca.

Para além das diatribes que se têm multiplicado (quase todas injuriando o realizador e a sua equipa pela grotesca animalização que fazem dos persas), importa perceber se, feita a proposta, vale a pena perder cerca de duas horas frente a uma hagiografia balofa dos heróis espartanos e seus temerosos aliados. E o que salta à vista é o absurdo processo de redução da psicologia verosímil dos homens - supostamente complexa – até se chegar a um resultado final em que não há indivíduos, mas homens que suportam o epíteto do seu povo: o que transparece dos espartanos é, pelo lado dos soldados, tudo o que não infrinja a sua intrépida condição de guerreiros patrióticos e sanguinários; os aliados arcadianos são, genericamente, receosos e desajeitados; e aos persas, enfim, foi dada a honra de ser não mais que uma paleta de criaturas vagamente humanas, ora demoníacas, ora irracionais, ora andróginas (veja-se o irreconhecível Rodrigo Santoro no papel de Xerxes I). Há, no entanto, uma inultrapassável comicidade nisto tudo se o espectador ousar não levar este filme a sério, quiçá a medida sensata a tomar caso se encontre de modo irreversível na sala.

Mesmo considerando que há uma nítida aposta no grafismo, de tal maneira que o filme pretende presumivelmente ser uma espécie de exibição de espectaculares sequências de acção, 300 não convence completamente como tour de force estético. Apresentando algumas semelhanças com Sin City (de que Frank Miller também é, a propósito, autor), 300 vive perdido entre a infantilidade da sua narrativa, a vacuidade psicológica das suas personagens e a sua violência gráfica. Removendo as cenas mais sangrentas – especialmente aquelas em que o sangue, assim que espirrado, parece coagular em pleno ar -, fica-se com um épico aprazível às crianças. Para os menos pueris haverá certamente trezentas outras escolhas mais frutuosas que assistir ao polémico 300.

Título:
300
Realizador:
Jack Snyder
Elenco:
Gerard Butler, Lena Headay, David Wenham, Dominic West, Vincent Regan, Michael Fassbender, Rodrigo Santoro, Andrew Tiernan, Andrew Pleavin, Tim Connolly, Marie-Julie Rivest, Tyler Max Neitzel e Tyrone Benskin.
E.U.A., 2006.

sexta-feira, abril 06, 2007

The Temple Bell

“É um facto que muitas bandas recorrem ao inglês para disfarçarem um vazio de ideias, mas cada caso é um caso, não se pode generalizar. Atente-se ao trabalho de artistas como o Old Jerusalem, por exemplo. É bem visível que aquilo é feito de forma genuína.”
The Weatherman em entrevista ao Espaço de Crítica Artística

Por esta altura, o nome de Old Jerusalem dispensará já as costumeiras apresentações. Ainda assim, porque as formalidades assim o obrigam, digamos que é do projecto de Francisco Silva de que falamos. Diga-se ainda que se trata do terceiro álbum, que dá pelo nome de The Temple Bell e que sucede os belíssimos April e Twice the Humbling sun. Eram dispensáveis estas apresentações tão somente porque Francisco Silva, sob o nome de Old Jerusalem, se tem vindo a afirmar como um dos mais importantes, e distintamente originais, cantautores portugueses. E, senão o melhor, dos melhores a fazê-lo em inglês. Sobre ele, a propósito deste novo trabalho, escreveu Pedro Mexia, escritor que, num segundo a propósito, está prestes a lançar 2 livros:

A melancolia da anatomia. Quem reconhece em «Old Jerusalem» o título de uma canção de Will Oldham imediatamente imagina uma genealogia de melancólicos americanos (essa que inclui Bill Callahan, Damien Jurado, os Mountain Goats e outros). Francisco Silva, o mentor deste grupo de geografia variável chamado Old Jerusalem, nunca escondeu as suas influências e afinidades.”

Este é um trabalho de consolidação. Onde se percorrem tema recorrentes, mas salutarmente revistos, da escrita do músico. Onde se estabelece um padrão, onde se desenha uma coesão na sua carreira. Há um grande cantautor neste economista de profissão. As melodias simples dos seus acordes casam-se com as melodias melancólicas das suas belas letras. Há aqui uma vastidão de sentimentos que exalam de The Temple Bell e invadem quem por lá se aventure. Há melancolia e há vastidão. Mas há, acima de tudo, a sensação de sermos convidados para sua casa, para um recanto intimo e pessoal, de estarmos a espreitar por uma frincha na porta. Old Jerusalém é este sentimento de pertença à sua vida através da sua música. Onde as distâncias entre a pessoalidade do musico e a do ouvinte se fundem, mantendo, ao mesmo tempo, a reserva necessária. Confuso? Não se admire se se encontrar a divagar. Faz parte da magia.

Portugal sempre foi um terreno fértil para os cantautores. Dos reformistas aos intimistas, dos lutadores aos reservados. Este não é mais um. É Old Jerusalem.

Título: The Temple Bell
Autor: Old Jerusalém

Nota: 7/10

quarta-feira, abril 04, 2007

O Caimão

Polémicas à parte, este é claramente um dos melhores filmes actualmente em cena em Portugal. Contabilizando todos os êxtases e revezes, lá chegaremos, resta um filme politico e humano, combinação à partida difícil, que não se abstém, ainda assim, de reter uma visão tragicómica e retratista de uma Itália em descalabro. Parece-lhe demasiado? Trata-se de O Caimão. Do melhor Nanni Moretti.

À resposta de como abordar Berlusconi cinematograficamente, Moretti foge ao óbvio. Foge ao retrato puro e duro, mas inclui-o. Foge ao documentário Mooriano incisivo mas extremista, mas a extremidade da sua posição permanece. Agarra, ao invés de pegar o touro de cornos, na Itália que Berlusconi moldou. A “Italiazinha”, como lhe chama um produtor polaco no filme. Uma Itália minorizada, interna e externamente, por uma governação do mais prosaicamente mafioso. Centralização do poder, utilização abusiva dos media e enriquecimento de mãos dadas com ilegalidades. Nada que nós não percebamos.

Já bastava esta faceta a O Caimão para se revelar um bom filme. Tal não seria suficiente para Moretti, o realizador de O Quarto do Filho ou Querido Diário. Este é, a propósito, um Moretti fora do esperado. Mais vivo, mais ousado, mais atrevido. Atrevimento este que vai bem para além do tema polémico que aborda. Mas onde parece ter sucedido, a julgar pelas eleições italianas, 17 dias depois da estreia do filme em Itália.

Dizia-se, há mais no filme do que o retrato de uma Itália Berlusconiana. Há ainda uma critica, pelo ridículo, ao cinema italiano actual. Uma produção a olhar para o umbigo, um realizador que começa um filme sem ler o guião por completo ou actores que desistem subitamente de projectos são parte integrante da toada mais ridicularizante de O Caimão.

No melhor pano cai a nódoa, como sempre. Moretti tem em O Caimão, cinematograficamente, uma faca de dois gumes. Por um lado, um filme completo e complexo que aborda uma Itália humana mas desumanizada por uma ditadura mascara. Por outro, um filme a querer por vezes mais do que pode. Um filme onde se abordam relações pessoais, problemas políticos, criticas cinéfilas, divórcios, a identidade da meia idade ou caracterizações nacionais. É obra. Mas é uma boa obra, em parte porque o filme nunca pesa, mistura tudo o mencionado com momentos trágicos e momentos de grande humor, que em grande parte se devem ao brilhante Sílvio Orlando, a personagem principal do filme (excluindo Berlusconi, obviamente).

Seja pela parte politica, seja por Moretti, seja por Sílvio Orlando, seja pelo humor, seja pela Itália, seja, apenas, porque se trata de um filme belíssimo. Não se permita não ver O Caimão.
Título: O Caimão
Realizador: Nanni Moretti
Elenco: Silvio Orlando, Margherita Buy, Jasmine Trinca, Michele Placido, Nanni Moretti e Giuliano Montaldo.
Itália, França. 2006
Nota: 8/10

domingo, abril 01, 2007

Tones of Town


O bom das etiquetas é que não nos perdemos. Sabemos ao que vamos, sabemos o que procurar, onde arrumar tudo na nossa mente tão sedenta de divisões lineares. O mau é catalogarmos tudo por secções, não deixando espaço a novas abordagens, nem ao desconhecido. Com os Field Music, a caneta hesita entre escrever Indie-pop ou Pop experimental, mas, numa ou noutra, a palavra Pop surge tanto esclarecedora como aterradora. Se é verdade que é de Pop que é feito este álbum, é de Pop também que morre este álbum. Ou de falta dela.

Diz o proverbial povo que cada um se deita na cama que faz. A cama dos Field Music é rendilhada, complexa, altamente instrumentada e arranjada. São arranjos atrás de arranjos, instrumentos que se introduzem por dá cá aquela palha, que, se nalguns momentos enriquecem um álbum morno, na maioria lhe retiram a centalha de que é feita a Pop. A acessibilidade. Ninguém os poderá acusar de serem repentistas, de procurarem ser uma next-big-thing. Ninguém os poderá, também, acusar de serem simplistas e redutores, de se imiscuírem na massa indistinguível de bandas Pop-a-piscar-o-olho-a-qualquer-coisa. Mas dificilmente alguém os acusará de empolgar alguém vivamente.

O álbum, segundo na carreira da banda, é Tones of Town. David Brewis, Peter Brewis e Andrew Moore são os responsáveis pelo mesmo, filhos de Sunderland, de onde também são provenientes os conhecidos, e ligados aos Field Music, Futureheads. Voltando ao álbum, este abre com “Give it Lose it Take it”, amostra exemplificativa, mas de superior qualidade, da génese do trabalho. Composição esforçada, bonitinha e com valor, sem grande ânimo, mas, quando ouvida atentamente, convincente. Tal como a seguinte “Sit Tight“, onde se começa a sentir o cheiro a cidade que percorre o álbum e tem ênfase no título.

“Tones of Town” traz final mais empolgante que, por escassear, é bem vindo. “A House is not a home” cheira a década de 90 britânica por todo o lado enquanto “Kingston” é banda sonora de Soap Opera de serão inglês. “Working to work” traz pormenores vocais engraçados e antecede o single, “In Context”. “A Gap has appeared” é nova experiência interessante que não tem paralelo até ao final morno de ”She can do what she wants”. Passa escorreito este Tones of Town dos Field Music. Tal como a vida na cidade. Se for metáfora da vida sob a forma de música, está bem visto. Se, como parece, é só um álbum de Indie-Pop a sobrecarregar no arranjo, está salgado demais.
Título: Tones of Town
Autor: Field Music
Nota: 6/10